“Quelques Visages de Paris” (1925), de Vicente do Rego Monteiro e “Pathé-Baby” (1926), de Antônio de Alcântara Machado, marcam os exemplos mais radicais na exploração das possibilidades de mistura entre texto, imagem e objeto nos livros da primeira fase do modernismo brasileiro.

ficha técnica     48 páginas // 17 x 24 cm // offset 150 g/m2 // luva impressa em serigrafia, 3 x 0, sobre papel Colorplus Tahiti // 2018 // tiragem de 1000 unidades

Publicado em Paris — e escrito em francês — “Quelques Visages de Paris” trafega em sentido inverso àquela que era, então, a norma: em vez do europeu perplexo ante as culturas não ocidentais, distorcendo o diferente (o “exótico”) para que este se adequasse a seu vocabulário dominante, Vicente do Rego Monteiro leva um fictício chefe indígena da Amazônia para passear por Paris e depois contar, em verso e ilustrações, o que viu. Estas últimas, primorosas simbioses entre o art déco e o grafismo marajoara.

Já “Pathé-Baby” também procura refutar o encanto cego com o qual o Brasil enxergava qualquer exibição do pedigree europeu. Contudo, se o pernambucano empregara humor e sutileza para realizar tal tarefa, Alcântara Machado pesa a mão: os textos de Pathé-Baby com frequência ridicularizam, repletos de azedume, as cidades europeias por onde passa seu autor. Concebido como um cinejornal, o livro é organizado por ilustrações sequenciais criadas por Paim e, para o extraordinário Valêncio Xavier, a obra constitui “o grande momento da literatura visual no Brasil”.

"Quelques Visages de Paris" (1925), de Vicente 
do Rego Monteiro
"Pathé-Baby" (1926), 
de Antônio de Alcântara Machado

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